terça-feira, 13 de novembro de 2012


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Sair de casa de manhã.
Passar a porta da rua para apanhar o autocarro. Olhar para o fundo da rua e reparar que grades alinhadas vedam a rua a carros e pessoas.
Ruas fechadas, sirenes, PSP, GNR, militares.
De autocarros, nada. 'Não há por causa da chanceler'.
Mais policia. Centenas a marchar apressadamente como se fossem exército. São as forças da ordem.
Contorna-se as grades para atravessar a rua.
- Não pode passar! - diz um agente da autoridade.
- Como assim?! Não me diga que me vai prender se passar!? - resposta
- São ordens! Não pode passar! - insiste o agente impetuosamente
- Então olhe, prendam-me por estar a sair da rua onde moro; para ir apanhar um táxi; para ir trabalhar!
Decide e arrisca. Ainda sentiu o estremecer da raiva do polícia, mas passou.
Começa a subir.
Sobe a calçada à procura de um táxi.
Policia de 2 em 2 metros. Armada até aos dentes.
A meio da subida, pela janela de um rés do chão, um velhote de olhar pensativo e admirado espreita a rua.
Disse que estava a tentar perceber se agora, horas depois de se ter levantado, a polícia já o deixava sair de casa.
Tão estranho para ele quanto para mim vivermos num regime em que os governantes só se considerarem em segurança quanto mais longe estiverem de quem representam.

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