segunda-feira, 23 de março de 2015

seiscentos e quarenta e sete

ia eu pelo metro
atrasado para o trabalho
a ver a merda do facebook
como toda a gente,
quando a arrancar
do Martim Moniz,
irrompe
dentre-as-portas
que se fechavam,
uma
pasta
preta
zipada,
qual espada
trespassando
entre-vertebras
o dragão.

a espada ali fica
cravada,
entalada,
o monstro
contorce-se
e hesita,
solta um triplo apito
e indiferente
arranca.

vejo então a cara
do cavaleiro
destroçada,
não era o óbvio
Jorge São
mas o familiar Alexandre
(nem sequer esse,
magno para cá
e vilão para lá
da Macedónia)
apenas o tão familiar
Alexandre
que heroicamente
sobre o monstro
se lançara
talvez para me vir
dizer 'olá'.

a mim
que nem sequer
o rabo do assento
levantara.

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