sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Blog: esse instrumento de solitários ou o aborto somos nós

É com disfarçável orgulho que este é o primeiro blogue (seja o que isso for, que é quase nada) a arrepender-se oficialmente de ter defendido e apoiado o voto SIM no referendo de 11 passado - embora a resposta à pergunta continue a não levantar quaisquer dúvidas.

Vamos ao que interessa:

- horas depois de anunciados os resultados, já altos responsáveis governamentais da Saúde, deputados, líderes de bancada e outros chulos oficiais, anunciavam que o aconselhamento das mulheres não seria obrigatório na futura IVG despenalizada;

- ora, isto significa que o aborto não foi despenalizado, foi liberalizado. É bem diferente do que foi veiculado durante a campanha pelo sim e criticado pelo não. E assim muitos totós foram na cantiga.

Nada mais irresponsável e mentiroso.

- pelo que foi dito, o SNS vai ser totalmente demitido da obrigação de prestar uma Interrupção Voluntária da Gravidez responsável às mulheres; haverá uma incapacidade de resposta, filas de espera, por parte dos serviços públicos para responder a todos os pedidos indiscriminados de IVG;

- para piorar ainda mais a situação, a quantidade de directores clínicos que declararam objecção de consciência e que impedirão os hospitais que «dirigem» de praticar abortos;

Temos então que:

> a incapacidade do Serviço Nacional de Saúde em responder aos pedidos de IVG, fará avançar as clínicas privadas; já aí estão;

> por isso, os abortos em portugal deixarão a clandestinidade para passarem a ser serviços de luxo; as mulheres ricas continuarão a abortar como abortavam antes, mas mais perto de casa;

> corolário: as mulheres que mais precisam, as pobres, continuarão a abortar em vãos de escadas.

3 comentários:

Anónimo disse...

É caso para dizer aSim não!

Brumo Gomas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Brumo Gomas disse...

É issso mesmo.
Anónimo: obrigado mais uma vez pela compreensão. Se continuares a portar-te assim, benzinho e alinhadinho, talvez possas tornar-te membro de Portugalo. Um membro respeitoso, claro.